domingo, 18 de outubro de 2009

O RIO SÃO FRANCISCO

A semana que passou foi dedicada pela mídia, à transposição do rio São Francisco. Este é um projeto antigo, sempre adiado, porque tem fortes repercussões no meio-ambiente. O presidente colocou debaixo do braço a candidata a ser sua sucessora no poder e foi com uma enorme comitiva fazer festa no agreste. Até parecia que se tratava da inauguração das obras, mas que nada, foi só uma inspeção das obras recém-iniciadas, mais um pretexto para fazer propaganda do governo atual e da sua candidata. Não deu para ver muita coisa, só que onde estão trabalhando, houve uma grande melhoria da economia, com a criação de muitos empregos e oportunidades. Dom Cappio, aquele bispo que chegou a fazer jejum em manifesto contrário à obra, foi afastado por seus superiores e assim, a festa não teve nenhum senão. Cheguei a pensar que o bispo estava completamente errado no seu julgamento, pois ele dizia ser a obra capaz de prejudicar mais do que trazer qualquer benefício. Porém depois de ler outras ponderações, percebi que ele tem um bocado de razão, pois atualmente o pior problema do rio é a sua degradação. O rio precisa antes, durante ou depois da obra de transposição, de uma revitalização. É preciso recompor as matas junto às cabeceiras e tanto quanto possível, ao longo de suas margens. É necessário identificar os focos de esgoto e desviá-los para que seja feito o tratamento do material carreado, antes de chegar ao rio. É necessário construir redes de abastecimento dágua, em todas as cidades ribeirinhas. Não é justo que cidades inteiras fiquem sem água, quando vivem às margens do rio. O bispo acusa o governo de ser elitista e de estar desviando a água para os polos de agro-negócio já existentes ou que estão projetados. Ele não está errado, porque essa é a mola propulsora, mas nada impede que se possa melhorar a situação de toda a população da região. Apesar dessas objeções, há na transposição muitos pontos a seu favor, porque se trata de uma região muito grande, para depender só de açudes. A verdade é que essa é uma região pobre, que só consegue produzir culturas de subsistência e a causa disso é a escassez de água. Para gerar riquezas, não podemos pensar só em petróleo, acredito que o verdadeiro ouro líquido é a água, sem a qual não há vida.

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